Relato: Santiago Bretanha e Agnaldo Mesquita de Lima Júnior (2015) Orientadora: Profa. Dra. Ida Maria Marins
Partindo
do princípio pedagógico de uma prática docente dialógica, em que o professor
(bolsista/estagiário) adote condição de mediador entre textos e leitores, o
projeto de extensão Experiência de
leitura/escrita: formação de leitores/escritores objetiva promover a
experiência de leitura como aparato para o desenvolvimento da competência
leitora e escrita em discentes da educação básica de diferentes escolas do
município de Jaguarão. Desse modo, tal propósito é permeado pelo cerne que
conduziu nossas intervenções na escola: estimular o prazer pela
leitura/escrita, o senso crítico sobre as realidades, as culturas, os sujeitos
e as identidades, e, assim, potencializar as diferentes leituras de mundo que
os textos mobilizam.
O
presente relato-reflexão, alocado nos parâmetros do projeto, constituiu-se por
meio de práticas pedagógicas realizadas no contexto docente do estágio
supervisionado em Língua Portuguesa e Literatura na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Mal. Castelo Branco, na oficina de Orientação Pedagógica do
Programa Mais Educação (PME), com as Turmas A e B (segundo ciclo do Ensino
Fundamental). As atividades compuseram-se de dois módulos, adequados às
propostas do projeto de ensino (Di)versificando:
diferença na escola. A faixa etária dos alunos girava em torno dos 12/14
anos de idade. As atividades do projeto perfizeram um total de 40 horas/aula.
Os
módulos foram: Um grito de negritude
e Segredos mais que secretos das
princesas. Estes versaram, respectivamente, sobre as
diversidades/diferenças étnico-raciais e as relações de gênero, mesmo que, no
transcorrer das práticas, tais temas transversais tenham sido problematizados
em paralelo. A partir disso, aqui, nosso objetivo é o de relatar, brevemente,
práticas de letramento literário por nós realizadas no estágio curricular de
docência em Literatura.
Para
tal fim, as intervenções didáticas foram embasadas em três pressupostos
teórico-metodológicos: a metodologia de Sequência expandida, voltada ao
letramento literário, proposta por Rildo Cosson (2011); a teoria de Escrita
Criativa, alcunhada por Renata Di Nizo (2008); e o método Textual-interativo
para a revisão textual, apresentado por Eliana Ruiz (2010), adaptado pelos
professores ao contexto escolar no qual o projeto se inseriu.
As
práticas de estágio que ora relatamos, foram realizadas nos parâmetros do
projeto de extensão Experiência de
leitura/escrita: formação de leitores/escritores; e, para que cumpríssemos
o objetivo do projeto, o de “promover a experiência de leitura como aparato
para o desenvolvimento da competência leitora e escrita em discentes da
educação básica de diferentes escolas do município de Jaguarão”, fomos
confrontados com a primeira problemática: dada a necessidade de o projeto ser
desenvolvido em atividades extraclasse, qual espaço ocuparemos na escola?
Diante
desse questionamento, surgiu a proposta de aplicá-lo no contexto do Programa
Mais Educação (PME) de uma escola próxima à universidade, para que se
contemplasse a comunidade externa próxima ao câmpus. A Escola que se dispôs a
nos receber foi a Escola Municipal de Ensino Fundamental Mal. Castelo Branco,
pertencente à rede básica de ensino do município.
Dito
isso, o Programa tem o intuito de induzir e ampliar a jornada escolar e a
organização curricular em uma perspectiva de Educação Integral, desenvolvendo
atividades voltadas ao lúdico por meio de oficinas. Dessa forma, adotamos a
oficina de Leitura e Orientação de
Estudos, nos adequando às prerrogativas do programa de pensar aulas
voltadas ao prazer pela leitura e pela escrita; nos adequamos também ao espaço
de trabalho que nos era oferecido.
A
partir do que foi observado em uma semana de monitoria, e posterior à aplicação
de um questionário de perfil do leitor,
decidimos por pensar nosso plano de ensino voltado à formação do leitor/escritor
de textos literários a partir de dois temas transversais, o das relações de gênero e o das diversidades étnico-raciais, buscando
problematizar questões de cultura e identidade a partir de textos artísticos.
Levando
em conta nosso objetivo, as intervenções didáticas foram embasadas, como já
mencionamos, em três pressupostos metodológicos: a metodologia de Sequência expandida, voltada ao
letramento literário, proposta por Cosson (2011); a teoria de Escrita Criativa,
alcunhada por Di Nizo (2008); e o método textual-interativo
para a revisão textual, apresentado por Ruiz (2010).
A
metodologia da Sequência expandida
para a obra literária, segundo Cosson (2011) se aloca como proposta
humanizadora de letramento, que visa dar conta de instrumentalizar os
professores para o trabalho com a leitura em sala de aula e, desse modo, por
meio da formação oferecida aos educadores, proporcionar aos alunos uma
aprendizagem holística da literatura. Com este fim, a metodologia se subdivide
em 6 momentos: Motivação, Introdução, Leitura, Primeira
Interpretação, Segunda Interpretação
e Expansão; perspectiva metodológica
que adotamos para o tratamento do texto literário em classe.
Em
se tratando da teoria de Escrita Criativa, Di Nizo (2008) salienta a
historicidade por detrás do Sujeito-autor na história do Brasil, em que a
autoria é relegada à margem e à sombra do Sujeito-consumidor de literatura e de
informações. Devido a isso, é evidente a grande dificuldade em estimular em
sala de aula a posição de alunos-produtores. Ainda, segundo a autora,
independentemente da posição social exercida pelo autor, a tarefa da escrita é
árdua, porém, quando estimulada, passa a ser objeto de prazer. Desta forma,
além de nos ancorarmos em algumas técnicas de escrita apresentadas pela autora,
partimos do intuito de promover o “prazer pela escrita”.
Em
consonância com os postulados de Di Nizo, coloca-se a metodologia de revisão
textual apresentada por Ruiz (2001). Se, por um lado, a criatividade é
fundamental para a escritura literária, por outro, o domínio dos diferentes
registros da língua também é indispensável. Dado os alunos ainda estarem em
processo de escolarização e familiarização com as práticas de linguagem da
esfera escolar, é de suma relevância a intervenção do professor durante as
produções em classe. A revisão
textual-interativa cumpre tal papel; para além da indicação de possíveis
necessidades de adequação linguística, essa metodologia se serve de feedbacks para aproximar aluno e
professor no processo de ensino-aprendizagem, oportunidade em que sempre
frisamos os aspectos positivos dos textos produzidos e propusemos a reescrita
de pontos nebulosos.
Com
vias a manter uma unidade lógica na construção da estrutura metodológica
utilizada para a transposição didática, organizamos os módulos em dois
momentos: primeiro, o de leitura das obras propostas, baseados na sequência expandida; e, segundo, o de
produção escrita, fundamentada nas discussões realizadas em classe, facilitadas
pelas técnicas de escrita criativa. Em seguida, trabalhamos em duas etapas de
revisão/reescritura; momento que culmina nas produções finais, a serem
socializadas sucessivamente nas edições do jornal em circulação na escola, A Folha do +.
Santiago Bretanha
(O presente relato
integra o Relatório de Estágio produzido pelo autor, apresentado ao curso de
Letras, Português e Espanhol da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão,
em oportunidade do componente curricular Estágio Curricular III (estágio de
docência em ensino de língua portuguesa e literatura. Direitos de reprodução
cedidos pelo autor).
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